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quarta-feira, 30 de julho de 2008

The end is near

É o final. Depois de um ano na Noruega, a saga de Lauro Borges no país dos vikings e ursos polares chega ao fim.
Lembro de uma viagem de férias onde fomos para Natal, e um avião lotado de escandinavos, altos, loiros, falando uma língua totalmente incompreensível desembarcou no saguão do hotel. E me fez pensar como o mundo era um lugar grande, com pessoas tão diferentes e estranhas, e ficava imaginando do lugar em que eles vinham. E eles vinham da Noruega.
A mesma Noruega em que estou neste momento, escrevendo este post, sem conseguir dormir e me recuperando das despedidas que toda final de viagem faz a gente passar (e eu descobri como sou ruim para despedidas, ruim mesmo).
A Noruega das montanhas intermináveis de neve, mas também a Noruega de primaveras e Verões quentes, com frutas e flores em todas as árvores.
A Noruega dos Fiordes, aurora boreal, alces, contos de fada, bacalhau, vida ao ar livre, pessoas de todos (todos mesmo) os tipos, e muitas outras coisas que vocês acompanharam durante o blog.
Mas principalmente a Noruega em que moram, três famílias e um senhor: Gallefoss, Brøste e Angvik e Anton Beck.
Pessoas estas que eu convivi aqui e fizeram desse ano, um ano incomum na minha vida, onde as coisas que aprendi, fiz, vivenciei serão carregadas comigo pelo resto da minha vida.
Quem se refere aos europeus como um povo frio e sem sentimento, com certeza não conviveu com os noruegueses, ou com as famílias que aqui morei. Até agora não entendo como pessoas que fazem menos de um ano que me conhecem e moram no freezer do mundo (como diz minha irmã Marianne) poderiam fazer tanto por mim como fizeram e serem tão calorosas. Saí do Brasil com um pai e uma mãe. Volto com quatro pais e quatro mães. Poderia até mudar meu nome para Lauro Gallefoss Brøste Angvik Borges Filho. E com um avô a mais, Anton Beck. Chama-los de amigo e pouco. É família mesmo.
Também para quem nunca teve irmão nem irmãs, sempre acostumado com a privacidade e a vida sossegada, sem ninguém para “pentelhar” ou conversar quando precisar, foi uma experiência bastante diferente. Não sei se todos eles gostaram da experiência e tem o mesmo sentimento que tenho por eles, afinal jovens são jovens. Pode ser que para alguns deles eu era somente um estranho passageiro que dividiria o mesmo teto e sentaria na mesa para as refeições e iria embora dentro de alguns meses provavelmente sem nunca mais -los. Não sei.
Mas para mim, tenho um grande sentimento por todos e não esquecerei tão fácil deles.
O mais fantástico do intercâmbio não é viajar para um outro país. Na minha opinião, a melhor coisa é ver como as pessoas são diferentes uma das outras e celebrar toda essa diferença. O centro do universo não é a praça Joaquim José como meu pai gostaria que fosse. O centro do universo é o planeta Terra, onde é possível encontrar pessoas e culturas tão diferentes mas ao mesmo tempo tão iguais.
Viver um ano fora do Brasil também me fez dar valor em todas as coisas que antes nunca tinha pensado ou considerado antes. Como diz o jornalista José Roberto Torero, ao ver imagens ou falar do meu Brasil aqui, parecia mesmo que nosso céu tem mais estrelas e nossos campos mais flores. Vocês não sabem como é bom ser brasileiro no exterior.
Melhor ainda é ser um brasileiro aberto, disposto a descobrir cheiros, cores, sabores, músicas diferentes. Não ser uma pessoa fútil, pobre de espírito, ignorante. Infelizmente convivi com intercâmbistas assim durante o período em que estive aqui e acho triste que jovens podem ser (ou agir) desse modo. Acho que a vida é curta demais para se satisfazer com prazeres superficiais.
Termino o texto com uma canção que resume bem meu ano aqui e agradeço todos que tiveram a paciência de me acompanhar e escrever comentários sobre minhas publicações nessa tribuna (mesmo que 90% tiveram a influência do meu pai para visitar o blog).
Não digo adeus ao blog, poderei postar alguma coisa futuramente contando minha chegado ao Brasil e minha readaptação, mas acredito que os posts deixarão de ser regulares (coisa que não faz a mínima diferença, pois nunca foram mesmo).
Enfim, obrigado a todos. Obrigado Noruega.


Lauro Gallefoss Brøste Angvik Borges Filho