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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Na cozinha com Lauro

Aprenda abaixo a preparar um legítimo Yakisoba ao som do que a de melhor de música dos anos 70: Bee Gees!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Emmanuel Goldstein voltou


VAI COMEÇAR tudo de novo. 
A Europa não digere bem o diferente, não gosta nem mesmo dos seus. Na Itália, e também na Suíça, cidades separadas por coisa de 40, 50 quilômetros falam dialetos ou línguas completamente diferentes e, muitas vezes, se odeiam. 
Na Inglaterra, ainda predomina um sistema de castas. Literalmente até ontem, os filhos da nobreza não precisavam ser eleitos para fazer parte do Parlamento. Para obter uma cadeira na Câmara dos Lordes, bastava que eles se dessem ao trabalho de nascer. As diferenças sociais entre uma casta e outra começam pela maneira de falar. Cada colégio tradicional tem seu próprio sotaque e qualquer inglês sabe reconhecer o ex-aluno de Eton pela maneira como ele fala.
Da mesma forma, a tradição diz que quem nasce na área em que os sinos da igreja St. Mary-le-Bow podem ser ouvidos irá falar cockney, o sotaque predominante entre a classe trabalhadora. Já imaginou ser definido social e culturalmente por toda a sua vida pela maneira como você fala? Na semana passada, os italianos aprovaram uma lei permitindo que os médicos da rede pública de saúde exerçam com naturalidade o ódio aos estrangeiros. De agora em diante, eles podem denunciar quem vive ilegalmente no país assim que o imigrante ilegal pisar no consultório buscando atendimento médico. 
Lembra, nobre leitor, quando tudo indicava que o prazo de validade de "1984", de Orwell, havia expirado? Com Fukuyama, nós não chegamos a achar que a luta de ideologias e de classes e tudo o que delas emanava havia chegado ao fim? Pois a atual crise econômica é como um bafo rançoso no cangote. Com ela, a intolerância e a xenofobia que estavam dormentes na Europa acordaram. E de mau humor. Em "1984", Emmanuel Goldstein é uma criação do Partido, um inimigo comum que serve para canalizar o descontentamento da população. Ele é uma espécie de Guerra das Malvinas, que foi confeccionada pelos generais argentinos para distrair a população de suas reais aflições. Parece incrível que, a esta altura, Emmanuel Goldstein possa ter ressuscitado na Europa. Mas ele voltou na pele de um africano, um sul-americano ou um árabe, sem permissão de residência, que ameaça o emprego do europeu. E está prestes a ser linchado em praça pública. 
Na noite da última segunda-feira, em Zurique, na Suíça, a advogada pernambucana Paula Oliveira, de 26 anos, teve a infelicidade de ser confundida com Emmanuel Goldstein por supostos skinheads. Paula foi espancada e cortada a estiletadas. Grávida de gêmeas, ela sofreu aborto na noite da agressão e acabou internada em estado grave. Depois de vê-la no hospital, seu pai disse: "Paula recebeu uma centena de ferimentos e teve o corpo todo retalhado; sempre achamos que essas coisas só acontecem no cinema...". 
Apesar da pouca idade durante a Segunda Guerra, minha mãe colaborou com os "partigiani" levando e trazendo encomendas em uma cesta de piquenique. E viu um primo adolescente ser morto a sangue frio pelos nazistas. Assistimos juntas à queda do Muro de Berlim pela TV. Ela não parecia muito animada. Perguntei o que havia e ela disse: "Vai começar tudo de novo". Minha mãe pode ter errado o timing, mas nunca se engana sobre o fundamental. Está começando tudo de novo. 

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Enquanto isso, na Suiça....

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009



Do talentoso Jean e do mestre Angeli

A América Latina vai bem, obrigado


Elio Gaspari, Folha de São Paulo de 28/01/09


LULA E BARACK Obama conversaram por 25 minutos e, segundo a narrativa do Planalto, Nosso Guia não pronunciou a palavra Cuba. Como diria Rick (Humphrey Bogart) no aeroporto de Casablanca: "Luiz, esse é o começo de uma bonita amizade". Cuba não é um problema brasileiro, é um problema americano e Obama sabe que precisará descascar esse abacaxi. Ele não tem medo do comunismo de museu da Ilha, o que os americanos temem é uma fuga em massa de cubanos para Miami. A América Latina não é parte desse problema, é parte da solução.
A região vive um período de paz, progresso e diversidade. Completam-se em março 32 anos do golpe militar argentino, o último do gênero. (Noves fora o fracassado putsch dos grã-finos de Caracas, estimulado pela Casa Branca em 2002.)
A agenda Brasil-Estados Unidos não tem contencioso. Tem avenidas para um melhor entendimento, dos biocombustíveis ao meio ambiente.
Isso não quer dizer que os demônios estejam quietos. Basta um pouco de contorção intelectual para se considerar a América Latina um continente em ebulição, com o chavismo venezuelano, a mística indígena boliviana, o esquerdismo de Rafael Correa e, quem sabe, a ingenuidade do paraguaio Fernando Lugo. Todos eleitos, dois deles confirmados nos mandatos por referendos populares.
É interessante observar que a turma do contorcionismo estava calada e contente quando Alfredo Stroessner governava o Paraguai, Augusto Pinochet, o Chile, e os generais açougueiros, a Argentina.
A encrenca que Bush deixou para Obama está alhures. Imagine-se um cenário no qual houvesse um país latino-americano metido com o narcotráfico, gastando uma receita de US$ 716 milhões, enquanto fatura US$ 4 bilhões no comércio de drogas. Esse país existe e não é a Bolívia do companheiro Evo, mas o protetorado americano do Afeganistão, governado pela cleptocracia de Hamid Karzai. Sob as armas de Bush, o Afeganistão tornou-se o provedor de 90% do ópio consumido no mundo. O narcotráfico carrega metade do PIB do país. Lá os Estados Unidos vivem a guerra externa mais longa de sua história e o companheiro Obama quer manter 60 mil soldados no pedaço. Os narcotraficantes são seus aliados. (Registro necessário: em 1989, havia generais americanos planejando uma intervenção militar na Amazônia, com o propósito de erradicar o tráfico de cocaína. Meses depois, Saddam Hussein invadiu o Kuwait e eles mudaram de assunto.)
Outro bom aliado dos Estados Unidos são os militares paquistaneses, com um arsenal de cem bombas atômicas. O risco dessas armas serem atiradas contra a Índia é muito menor que a possibilidade de algumas delas acabarem nas mãos de terroristas. O dono do programa nuclear paquistanês tornou-se contrabandista de tecnologia e vendeu o caminho das pedras para a Coreia do Norte. Ajudou o Irã e foi apanhado em 2003, entregando centrífugas à Líbia.
Comparada com essas regiões (e essas agendas), a América Latina é um balneário. Evo Morales e Hugo Chávez expulsaram os embaixadores americanos. E daí? Chávez será um valente no dia em que parar de vender petróleo aos americanos. O antiamericanismo verbal não faz mal a ninguém e, com Obama, arrisca sair de moda. É preferível ter Evo Morales por inimigo do que Hamid Karzai como amigo.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Pavões



Lauro ensina a fazer...


Nesse capítulo de Lauro ensina a fazer, vamos aprender como se faz uma montagem no photoshop ao estilo Andy Warhol. ;)


Abaixo segue o link do tutorial que me transformou no Roy Linchestein da Tereziano Vallim.

Aproveitem!

Where the hell is Matt (2)

A segunda parte do video de nosso amigo falta-peça Matt...



domingo, 25 de janeiro de 2009

Paulista, avenida por Cristiano Mascaro

Usando uma câmera digital, fotógrafo clica a via que melhor simboliza são paulo, que está fazendo 455 anos.

TUCA VIEIRA
REPÓRTER FOTOGRÁFICO

Quem se dispusesse a percorrer o centro de São Paulo nos anos 1980 correria o risco de encontrar uma solitária figura de barba cheia, tripé nos ombros, mochila nas costas, olhando as sombras alongadas da primeira hora da manhã.
Em cima do tripé provavelmente estaria uma câmera sueca da marca Hasselblad parecida com a que foi à Lua. E dentro da mochila encontraríamos rolos de película fotossensível, dessas que passam por banhos de bórax e sulfito de sódio.
Cristiano Mascaro se lembra de quando "saía de casa antes do amanhecer, com os faróis do carro ainda ligados", como se tivesse um encontro marcado com a luz no centro de São Paulo. São dessa época algumas das mais importantes imagens da fotografia brasileira.
Quem se dispusesse a percorrer a Avenida Paulista, na tarde da última segunda-feira, encontraria essa mesma figura com a barba já branca, o mesmo tripé nos ombros e a mochila que deixava marcas de suor na camisa.
Mascaro aceitou o convite da Folha para fotografar a Paulista, asfaltada há cem anos: "Nunca vi comemorar asfaltamento de rua, mas tudo bem". É seu primeiro ensaio fotográfico com câmera digital.
Do centro velho para a Paulista, muita coisa mudou. Em cima do tripé, "um trambolho de 22 botõezinhos e 21,5 megapixels"; dentro da mochila, um "estojo de maquiagem" onde guarda os cartões de memória.



Mascaro foi motivo de polêmica depois que publicou um artigo no Mais!(de 21/12) em homenagem a Cartier-Bresson, em que lamentava o desuso das técnicas tradicionais.
O artigo circulou pela internet, e Mascaro foi chamado de mestre por uns e antiquado por outros. "Eu só quis fazer uma homenagem a uma época da fotografia que não pode ser apagada. Quero ter o direito de sentir saudade."
Entre curiosidade e ceticismo, Mascaro vai se entregando à novidade mais por necessidade do que por paixão. "É como tirar um pé de uma canoa para colocar noutra", define.



A fotografia é sobretudo uma aventura humana: "A fotografia te levava a conhecer as pessoas. O trabalho de campo passou a ser trabalho de gabinete. Tenho saudades de bater na porta do laboratório. Como vou fazer agora sem tomar café com a Rosangela, que revelou meus filmes por 20 anos?".
Mudam os tempos, muda a cidade, mas o olhar do fotógrafo permanece. Mascaro veio "tratar" as imagens (como se diz a respeito da pós-produção digital) e não havia nada para ser tratado. Suas fotos digitais, como numa prancha de contatos, precisam de ajustes mínimos de contraste e só.
Aos 64 anos, ele se renova: "Instalei um Photoshop CS4 e comprei um livro passo-a-passo, agora ninguém me segura!". Parece surgir um novo fotógrafo, 30 anos à nossa frente.


Folha de São Paulo, 25/01/2009

Mister Simpatía


É engraçado como são as pessoas. E é por isso que eu dou valor cada vez mais em meus amigos de verdade.

O número de "amigos" que eu tinha aqui no Brasil quando estava na morando na Noruega cresceu de uma tal maneira que eu estava me sentido o Mister Simpatía da Mantiqueira. Coiatado de mim.

Pessoas que me mandavam mensagens do tipo "To morrendoooooooooo (sim, com todos esses o's) de saudadeeeee (sim, com todos esses e's)" ou "volta logooooo" eram comuns na minha página de recados. Sem contar como o verbo amar foi tão gasto e usado em vão na historia do Orkut. Mario de Andrade deve ter se revirado no túmulo tantas vezes no ano passado.

Mas como num passe de mágica (e falsidade), essas pessoas que em autrora vangloriavam essa "amizade bonita e pura" desaparecem da noite para o dia como corvos, ou melhor, não somem, mas sempre estão por perto, para distribuir seus sorrisinhos falsos e beijinhos mais amargos que café sem açucar.

Mas eu acho isso bom. Muito bom na verdade. Porque isso nos mostra em quem realmente podemos confiar e contar sempre, independente de qualquer situação e/ou circustância. Mas devo confessor que era bom ser o Mister Simpátia, mesmo que apenas por pouco tempo!

"...E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha dor de um demónio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão mais e mais,
E a minh'alma dessa sombra, que no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!"


O Corvo, Edgar Allan Poe